Mauro Ramos – Sem equação
É necessário afastar o rotulo de “baterista dos Amor Eletro”, quando falamos de Mauro Ramos, que já marcou presença em grande parte dos projetos de qualidade notável apresentados em Portugal
O músico extremamente criativo leva-nos neste seu novo trabalho de estúdio, numa íntima viagem ao mais glorioso passado da música alternativa do nosso país. Não querendo arriscar muito em comparações, se há quem tenha saudades dos saudosos Ornatos Violeta, vale a pena considerar embarcar nesta nova aventura do músico.
O álbum “Sem Equação” caracteriza-se por uma sonoridade intimista e ao mesmo tempo incomodativa, levando-nos a uma encruzilhada entra o conforto de nos sentirmos em casa, e a inquietação de viver numa sociedade muitas vezes manipulada e formatada.
Apesar da postura mais rock e durona que Mauro nos tem habituado, gostaria de destacar a canção “Leva-me para onde foste”, onde o músico nos surpreende com uma batida mais eletrónico, que assenta numa letra extremamente bonita sobre a necessidade da presença do amor nas nossas vidas.
Contudo, Mauro também apresenta aos seus ouvintes músicas mais complexas, misturando sonoridades bastante aproximadas ao Rock Psicadélico ou Progressivo, como em “Terra” e a música que fecha o disco “O meu Deus Morreu/Ilusão”, demonstrando que não só de canções bonitas e simplicistas é feito um disco do ano de dois mil e vinte e dois, pois ainda há beleza em questionar temáticas mais obscuras.
Esperamos que possamos voltar a ter o Mauro em Ficalho a apresentar este seu trabalho, que não deixará desiludidos os tugas mais underground.
Texto de João Nogueira